segunda-feira

Nada de novo no front

Salve salve torcida alviverde de Parque Antarctica.
Gente boa, é o seguinte.

“Nada de novo no front” é o título de um dos maiores clássicos da literatura de lazer. Escrito pelo alemão Erich Maria Remarque, o romance, que virou, também, um dos maiores clássicos do cinema, descreve os horrores da I Guerra Mundial, da violência e desumanidade, não só da guerra em si, mas do dia a dia do soldado metido numa trincheira fétida, cheia de ratos, doenças e morte.
Entramos na última semana dos Jogos Olímpicos de Beijin e, violência à parte, sobre a participação do Brasil podemos dizer que não há “nada de novo no front”. Algumas medalhas no judô; uma aqui e outra ali na natação; mais alguma nos esportes náuticos; no vôlei de quadra e de areia, muito provavelmente, as medalhas virão; no futebol masculino e feminino as coisas estão indo bem. De forma que, se fizermos uma retrospectiva do quadro de medalhas do Brasil em todas as olimpíadas veremos que não há “nada de novo no front”.
O que chama a atenção, completada a metade das disputas é que um único atleta possui mais medalhas de ouro que a delegação brasileira inteira. Mais ainda, um único atleta possui, até o momento mais, mais medalhas de ouro do que todas as medalhas conquistadas pelo Brasil.
Eu não advogo a tese de que o estado tenha que interferir na formação esportiva de sua população, aliás, defendo que quanto menos o estado se intrometer na vida do cidadão, melhor. Todavia, se o estado faz a opção por adotar políticas públicas com vistas ao crescimento e amadurecimento esportivo, que o faça de maneira certa, com competência e responsabilidade, assim como se faz na China, em Cuba, como se fazia na ex-Alemanha Oriental, etc. No Brasil, somente 12% das escolas públicas possuem estrutura mínima para a prática esportiva de seus alunos. Cuba, até Atenas 2004, participou de 12 Olimpíadas onde conquistou um total de 170 medalhas, sendo 65 de ouro, 53 de prata e 52 de bronze. O Brasil até Atenas 2004 participou de 17 Olimpíadas nas quais conquistou 76 medalhas, sendo 17 de ouro, 21 de prata e 38 de bronze. Cuba não tem mais que 10 milhões de habitantes e o Brasil algo em torno de 200 milhões. O PIB do Brasil é incomparavelmente maior que o de Cuba, de forma que, a desculpa de que falta dinheiro para investir no esporte aqui no Brasil, é das mais esfarrapadas, pois se aqui não tem dinheiro, imaginem em Cuba.
Nos Estados Unidos, os maiores celeiros de atletas são as escolas secundaristas e as Universidades, e, as que mais revelam atletas são escolas particulares, ou seja, quando o estado está ausente, a iniciativa privada faz o que deve ser feito.
Quando falo em crescimento e amadurecimento esportivo eu incluo uma atitude mais responsável, também, dos atletas, eles precisam ter mais humildade e humildade, entenda-se bem, não é baixar a cabeça diante da superioridade dos outros. Humildade é saber reconhecer as limitações, os erros e não colocar a culpa nas condições de disputa, como fizeram as ginastas Jade Barbosa e Daiane dos Santos, para quem o fracasso de ambas teria sido o tablado, o qual, por ser, supostamente, muito macio fazia com que elas se elevassem demais do solo. Ora, se o tablado é ruim para elas, é ruim para todas as demais concorrentes. Desculpa de aleijado é muleta, meninas!
Eu defendo a tese de que, para sediar uma Olimpíada, além de parâmetros econômicos-sociais que identifique o comprometimento do estado com o bem estar de seu povo, o país candidato deveria ter, também, um histórico de envolvimento com o esporte que o habilitasse a uma candidatura. Enquanto falta um mínimo de estrutura para que os jovens se dediquem a praticar esportes; enquanto nossos hospitais públicos, ao invés de salvar estão matando por falta de médicos, remédios e equipamentos o Sr. Lula, de uma só vez, destinou 85 milhões de reais só para confeccionar o relatório de intenções do Brasil com vistas a sediar a Olimpíada de 2016. Enquanto isso, o governo esperneia para recriar a CPMF, pois falta dinheiro para a saúde. Ora, vai para o inferno Lula.
Finalizando, ao contrário do que Artur Nusman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, quis nos fazer acreditar, de que a maior delegação brasileira de todos os tempos, expressa o estágio superior em que se encontra nosso esporte, a participação brasileira em Beijin só não é um fracasso total porque os atletas que lá estão são muito mais que atletas, são heróis que no seu dia-a-dia travam batalhas violentíssimas para conseguirem sobreviver nessa guerra de trincheiras chamada Brasil, onde co-habitam a corrupção, a impunidade, o oportunismo, interesses excusos, a podridão.

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