quinta-feira

Cavalgando na chuva

Ouvi de um amigo, o qual esteve na capital em evento que contou com a presença do governador do estado, que o chefe do executivo estadual lhe garantiu: “a Suzuki não vai para Catalão”.

Esta afirmação só veio confirmar aquilo que os jornais da capital já haviam comentado semana passada. De forma que, se você nutria alguma esperança de que a montadora iria se instalar aqui, pode tirar o cavalo da chuva. Aliás, pode tirar o cavalo, a égua e os jumentos, principalmente, os jumentos.

Se a Suzuki viesse pra Catalão, todo mundo iria querer tirar proveito, todos iriam assumir a paternidade da criança, como se diz no jargão popular. Agora, como ela não vem, ninguém é homem, ou mulher, suficiente pra assumir a própria incompetência. Ficam jogando a culpa um no outro numa demonstração incontestável de falta de respeito com a população. Vão para o rádio, fazem reuniões com discursos inflamados, porém, demagógicos e que produzem resultado prático algum. Servem-se desse expediente numa tentativa de limpar a própria imagem diante de uma população, ingenuamente, crédula. Falou-se até em golpe contra a cidade quando, na verdade, o verdadeiro golpe vem sendo dado há muito tempo e em doses homeopáticas, um pouco todos os dias através da insensatez, de atitudes inescrupulosas e de um narcisismo político nojento e indecente.

Nesse episódio todo, algo chama a atenção, além da frustração, é claro. Nossos políticos não sabem conjugar qualquer verbo que não seja na primeira pessoa do singular: eu isso, eu aquilo, eu fiz, eu fui, eu falei, eu tentei... O político, enquanto ocupa cargo que lhe foi confiado pelo eleitor, não pode perder de vista a realidade que ele representa, o cargo que ele ocupa é do povo e, portanto, não é “ele” quem faz. “Nós” é que o colocamos onde está, nós é que fazemos. Todas as ações, projetos, proposituras, decretos, etc, devem beneficiar o “Nós” e não o “eu”.

Todos os modelos de gestão empresarial de que se servem, principalmente, os japoneses, possuem uma filosofia participativa, são modelos pautados pela sinergia, ou seja, todos mirando e trabalhando pelo mesmo objetivo e, evidentemente, o episódio Suzuki mostrou que nossos políticos estão muito longe de atingir um nível de convivência e de atuação que se paute por colocar o bem comum adiante de projetos pessoais.

O que se poderia esperar, daqui pra frente, é que nossos políticos, aqueles que se apresentaram como quem iria trazer mais moradia, saúde, trabalho e blá blá blá, aprendessem com os próprios erros. Todavia, como disse no início, você pode tirar o cavalo da chuva. Aliás, pode tirar o cavalo, a égua e os jumentos, principalmente, os jumentos.

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