quinta-feira

Escorregando na casca de banana

Na França, em outubro de 2010, o governo lançou as bases da reforma na previdência. A reação da população, praticamente, parou o país. Os mais diversos setores da sociedade foram para as ruas, protestaram, fizeram greve, mostraram sua força.

Na Inglaterra, em dezembro de 2010, a Câmara dos Comuns aprovou aumento nas anuidades escolares, triplicando os valores. A reação da população levou para as ruas todo o descontentamento de pais e estudantes. Houve confronto com a polícia. Não ficaram rindo da própria desgraça.

Na Grécia, no mesmo dezembro de 2010, a reforma fiscal, promovida pelo governo, levou para as ruas multidões inteiras que protestaram contra as medidas. Houve confrontos, protestos, greves. A população se mobilizou ao invés de fazer piada com a própria desgraça.

Na Itália, o mês de dezembro foi marcado pelo anúncio de reforma no sistema de ensino. Foi marcado, também, pelo descontentamento da população que não aceitou o que o governo apresentara. Houve confronto entre população e forças policiais.

Em dezembro, numa republicazinha de bananas, os deputados aprovaram, em menos de 15 minutos, um aumento de 61% nos próprios salários e um aumento de 133% no salário do presidente da república. E para darem um aumento de 6% ao salário mínimo, foi necessário recorrerem ao balcão de empregos e privilégios para aprovarem o índice do governo. Não houve qualquer espécie de protesto, não houve confrontos, ninguém foi para a rua dar seu grito de descontentamento. Ao contrário, no dia seguinte, as piadinhas pipocavam na mídia. Em outros países, a mídia é usada para derrubar presidente corrupto, assim como aconteceu em fevereiro de 2011, no Egito. E assim como vem acontecendo, desde então, em vários países árabes. A resposta, entretanto, dos moradores daquela republicazinha de bananas, viria nas urnas: elegeram um palhaço, dando a ele a maior votação da história do parlamento. Não só fazem piadas como criaram uma piada humana, de carne e osso.

Na republicazinha de bananas rouba-se, suborna-se, corrompe-se, engana-se, ludibriam-se, prometem, travestem-se de paladinos da honra e da dignidade, armam esquemas, riem, deleitam-se da passividade dos bananas, continuam rindo e nada. Nada além do que um desproposital escorregão na casca de banana.

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