segunda-feira

Até na CBF, a corrupção está numa boa direção

A tevê pública britânica, BBC, colocará no ar nesta segunda-feira uma reportagem em que revelaria que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teria admitido em audiências a juízes suíços a existência de pagamentos de propinas na Fifa e que teria fechado um acordo para barrar a publicação dessas informações pelo tribunal da cidade de Zug, na Suíça, no caso da ISL. O programa mostrará que o acordo passou também pelo brasileiro João Havelange, ex-presidente da Fifa, diante de procuradores que investigavam suspeitas de um pagamento de US$ 100 milhões em propinas na entidade.

Segundo a BBC, tanto Teixeira como Havelange teriam fechado um acordo com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. O conteúdo do programa vazou neste domingo na imprensa norueguesa, que indicou que tanto Teixeira como Havelange teriam admitido em audiências ao tribunal a existência das propinas.

A investigação foi feita pelo repórter britânico Andrew Jennings, banido da Fifa e autor de livros sobre os bastidores da organização máxima do futebol. Entre 1989 e 1999, a empresa de marketing ISL foi a responsável pela venda dos direitos de TV das Copas, a maior fonte de renda da Fifa.

No início da década, a ISL quebrou e quase levou consigo a Fifa. Um processo foi aberto e se constatou no ano passado que de fato o pagamento de propinas ocorreu dentro da entidade e que a ISL serviu praticamente como uma empresa "laranja" para permitir que o pagamento da corrupção não fosse revelado.

Apesar da comprovação das propinas, os bastidores do processo, depoimentos e mesmo os culpados foram mantidos em sigilo. Isso porque as partes envolvidas chegaram a um acordo e uma multa de US$ 5,5 milhões foi paga como punição, o que evitou a prisão dos suspeitos. Pela lei suíça, quando há um acordo os detalhes do processo são mantidos em sigilo.

Mas, segundo o programa Panorama, da BBC, audiências do tribunal com Teixeira e Havelange, no marco do processo, teriam revelado que de fato os dois cartolas confirmaram o pagamento da propina.

Para impedir a publicação de seus nomes, um acordo que teria envolvido Teixeira, Havelange e Blatter foi feito e abafou a revelação das informações ao público.

No total, os pagamentos chegariam a US$ 120 milhões ao longo dos anos. O programa vai ao ar às vésperas das eleições na Fifa, marcadas para semana que vem e repletas de polêmicas em torno da corrupção. Joseph Blatter, presidente da Fifa, concorre a mais um mandato e neste domingo deu murros em uma palanque na África do Sul, insistindo: "A Fifa não é corrupta".

Nem Havelange e nem Teixeira teriam aceitado responder à BBC diante das informações obtidas pela televisão. O presidente da CBF foi citado há duas semanas em uma CPI no Reino Unido, insinuando que teria pedido favores em troca de votos à Inglaterra para ser sede da Copa de 2018.

Questionado, Blatter declarou neste domingo no jornal suíço NZZ que as acusações que pesam sobre Teixeira não seriam crimes diante da lei suíça.

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