quarta-feira

Hobbit x Orc

De vez em quando eu me deparo aqui, ali, acolá com uma dessas listas de “os melhores”; os melhores discos, melhores cantores, melhores músicas, melhores filmes, etc.

Particularmente, acho tudo isso uma bobagem, por exemplo: segundo a crítica o álbum Hot Space, do Queen, é o pior da carreira da banda, todavia, foi um dos que mais vendeu.

Em relação a filmes, cada um que fosse fazer uma lista, escolheria filmes distintos um do outro, podendo haver, claro, algumas concordâncias. Eu poderia citar aqui uma porrada de filmes, mas minha lista, sem dúvida alguma, seria encabeçada pela trilogia Lord of the Ring (O senhor dos anéis). Minha escolha não leva em conta os mesmos aspectos discutidos pelos experts em cinema. Minha escolha leva em conta algo mais simples. Em minha opinião “O senhor dos anéis” é a essência do “faz de conta” , aquele mesmo “faz de conta” que na nossa infância nos causava medo, emoção, alívio, riso, felicidade e uma infinidade de outras sensações. Quem, na infância, não criou seus heróis, monstros, seres mágicos, lugares assombrados, lutas épicas, etc? O senhor dos anéis é tudo isso e no fim, da mesma forma que em nossa imaginação, o bem sempre vence, o mundo se salva do mal, a paz é preservada, apesar dos medos e ameaças.

Mas eu vejo, na trilogia, um outro significado, ela mostra situações em que o ser humano é exposto às tentações do poder; ela mostra a corrupção materializada em seres (Orcs) monstruosos como ela mesma; ela mostra os fracos sucumbindo aos corruptores; ela mostra que, apesar da grande maioria de seres corrompidos, estes são derrotados. É a arte imitando como é a realidade. É a arte mostrando que apesar de pequenos (em quantidade, mas muito maiores em qualidade) os hobbits Frodo, Pipin, Sam e Merry encontraram, em sua saga, a grandeza de caráter de Aragorn e Légolas; a sabedoria de Gandalf; a bravura da bela Arwen; o companheirismo de Gimli. Juntos, apesar da inferioridade numérica, derrotaram as forças do mal comandadas por Saruman, este a serviço de Sauron.

O poder obtido por meios escusos e exercido com tirania e arrogância torna-se objeto amaldiçoado e seus frutos apodrecem com tamanha intensidade, que misericórdia alguma é capaz de, novamente, torná-los dignos do convívio com o bem, assim como o desejado anel, que no filme teve o fogo como fim.

A arte imita a vida, dizem. E pode-se dizer, também, que a vida imita a arte. Na trilogia “O Senhor dos anéis”, o anel representa o poder, o autoritarismo, a tirania, a arrogência, o mal. Se J.R.R. Tolkien, autor do livro que deu origem aos filmes, andasse por estas paragens da Terra Média, poderia achar que estão imitando seus personagens mais grotescos.

E mais uma vez um pequeno hobbit vencerá os Orcs. Entendeu, Bonecão?

Nenhum comentário: