segunda-feira

É proibido proibir

Pelo final da década de 1960, os festivais de música eram um sucesso. Muitos compositores, hoje consagradíssimos, tiveram nos palcos dos festivais a vitrine que os revelaria. Chico Buarque, Caetanos Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Os Mutantes são alguns nomes. Em um destes festivais, o Internacional da Canção, realizado no Maracananzinho, Caetano Veloso levou a música “É proibido proibir”. O Brasil estava, então, às voltas com um dos períodos mais repressivos da ditadura militar e os festivais funcionavam como uma espécie da porta voz da resistência contra o regime militar.

O lema “é proibido proibir” que, para os jovens franceses era um princípio de rebeldia nos protestos contra o conservadorismo e a favor da liberdade, espalhou-se pelo mundo e motivou os jovens no Brasil. Composta por Caetano Veloso, É proibido proibir ficará como um marco de coragem, apesar de todo o ritual de proibições. A frase ganhou mais força na letra do cantor baiano. Caetano foi coerente, não se dobrando às imposições da direção do Festival Internacional da Canção, para que apresentasse a sua canção sem uivos. Caetano chegou a ser vaiado, não conseguiu levar a música até o fim. Então trocou os versos pelo discurso: “Mas é isso que é a juventude que quer tomar o poder? Nós tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês? Se vocês forem como são em estética, estamos feitos. E, quanto ao júri, é muito simpático, mas é incompetente”.

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir…

Este é um dos versos da canção defendida por Caetano naquela oportunidade.

O desenrolar dos eventos daquela noite culminaram com o exílio de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eles foram convidados pelas autoridades a se ausentarem do país.

O estado democrático foi reconquistado e hoje, segundo dizem, vivemos a plenitude democrática, pero no mucho. Quero, com esse post, mandar um recado a quem interessar possa, fazendo das palavras de Caetano, minhas, também:

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir…

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